quarta-feira, 30 de abril de 2014


Um confronto entre a Ucrânia, ex-república Soviética, e a sua ex-tutora, a Rússia, segunda potência militar do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, pode se assemelhar ao duelo bíblico entre Davi e Golias, ainda que as estatísticas não sejam exatas.

A Ucrânia conta com 130.000 militares, mas pode mobilizar mais de um milhão de reservistas se decidir convocá-los.

No entanto, boa parte de seus quartéis e bases ainda responde à lógica da Guerra Fria, ou seja, estão preparados para um eventual ataque a partir do oeste, quando, neste caso, as forças russas chegariam ao país pelo lado oriental.

Kiev, no entanto, já mobilizou um número desconhecido de forças nas regiões do leste de seu território para enfrentar a atual insurreição pró-russa, e rapidamente pode aumentá-las.

Além disso, a Ucrânia se dotou recentemente da "Guarda Nacional", integrada em sua maior parte por membros de unidades de autodefesa do movimento do Maidan, em Kiev. Bem treinados e motivados, estes soldados demonstraram até agora ser mais eficazes que o exército regular.

Rússia, por sua vez, conta com um exército convencional de 845.000 efetivos, mas apenas um terço deles pode ser enviado à Ucrânia sob pena de deixar desprotegidas outras posições estratégicas, como as regiões do Cáucaso e Ásia Central, além, é claro, a Crimeia.

Segundo a Otan, da qual a Ucrânia não é membro, a Rússia mobilizou 40.000 soldados nas fronteiras entre os dois países.

A Ucrânia conta com 4.000 tanques e 6.400 veículos blindados, contra 15.500 e 27.600, respectivamente, da Rússia. Moscou, por sua vez, conta com seis vezes mais sistemas lança-foguetes e com 2.000 aviões de combate (a Ucrânia possui apenas 300).

A proporção de helicópteros também é muito parecida, com grande vantagem pelo lado russo, que possui 1.000, contra 150 do lado ucraniano.

- A vantagem do terreno -

Apesar desta clara superioridade numérica, a Rússia precisaria assumir o risco de se aventurar em um território onde a maioria da população lhe é claramente hostil.

Embora uma parte importante dos habitantes do leste da Ucrânia pareça confiar mais em Moscou que nas novas autoridades pró-ocidentais de Kiev, isso não quer dizer que queiram ter o mesmo destino que a Crimeia, anexada à Rússia no mês passado após um referendo muito polêmico.

Segundo uma pesquisa publicada na semana passada pelo Instituto de sociologia internacional de Kiev, 70% dos habitantes do leste do país se opõem a um controle por parte da Rússia. Por outro lado, muitos deles se manifestam partidários de uma autonomia para suas regiões.

Para superar este obstáculo, a Rússia pode lançar mão da estratégia que o Ocidente a acusa de já ter utilizado na Crimeia, ou seja, enviar de maneira secreta tropas carentes de insígnias ou de outros dispositivos e fomentar distúrbios sob o lema de "unidades locais de autodefesa".

Também pode se contentar em tomar o controle de um território limitado, por exemplo, uma faixa sobre a costa do Mar Negro que a ligue territorialmente com a Crimeia, o que diminuiria sensivelmente seu investimento em nível militar.

- A tensão da guerra-

Fazer guerra é algo que custa caro. E nenhum dos potenciais beligerantes pode se considerar bem posicionado no tema.

A Rússia certamente entrará em recessão econômica neste ano, e as sanções com as quais o G7 a ameaça agravariam ainda mais a situação. Além disso, qualquer outra anexação territorial de áreas da Ucrânia significaria para Moscou ter que financiar estas regiões, o que pesaria em seu orçamento.

Quanto à Ucrânia, encontra-se à beira da quebra e espera a partir da próxima semana um empréstimo de 14 a 18 bilhões de dólares por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), no âmbito de um plano de salvamento econômico por um montante total de 27 bilhões da divisa americana, elaborado pelo Banco Mundial (BM) e pelos países ocidentais.

O medo das sanções parece desencorajar o presidente russo Vladimir Putin a levar adiante totalmente seu plano em relação à Ucrânia. E, por sua vez, aparentemente a Otan também não quer encarar o exército russo.

O secretário americano do Tesouro, Jack Lew, encarregado da aplicação das sanções de seu país a Moscou, afirmou que "o objetivo é afetar a economia russa com o mínimo possível de danos às (economias) americana e mundial".

No entanto, também ressaltou que os Estados Unidos estão "decididos a aplicar sanções mais severas se for necessário".Fonte:aleteia

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