Em 1994 dizia o Bem-aventurado Papa João Paulo II em sua “Carta às Famílias”:
No
contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o
homem um objeto, os filhos um obstáculo para os pais, a família uma
instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõem. Para
convencer-se disto, basta examinar certos programas de educação sexual introduzidos nas escolas, não obstante o frequente parecer contrário e até os protestos de muitos pais[1].
O tema já havia sido tratado por ele antes, em 1981, na Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”:
A
Igreja opõe-se firmemente a uma certa forma de informação sexual,
desligada dos princípios morais, tão difundida, que não é senão uma
introdução à experiência do prazer e um estímulo que leva à perda -
ainda nos anos da inocência - da serenidade, abrindo as portas ao vício[2].
No mesmo documento, o Papa dizia: “é absolutamente irrenunciável a educação para a castidade
como virtude que desenvolve a autêntica maturidade da pessoa e a torna
capaz de respeitar e promover o ‘significado nupcial’ do corpo”[3].
O
antigo Bispo de Anápolis, Dom Manoel Pestana Filho, qualificou certo
livro de “educação sexual” de Marta Suplicy com as seguintes palavras:
“é um curso acelerado de prostituição”. Como fundador do Pró-Vida de
Anápolis, ele fez questão que essa instituição tivesse como um dos
objetivos estatutários “promover a educação para a castidade como meio
de salvaguardar a família, o santuário da vida”[4]. Sem cessar ele pedia a Deus “pela inocência das crianças, pela pureza dos jovens e pela santidade das famílias”.
No dia 9 de agosto de 2012, Dom João Wilk, sucessor de Dom Manoel, diante da “Caderneta da saúde do (da) adolescente”
que estava sendo distribuída aos alunos das escolas municipais de
Anápolis, conversou pessoalmente com os Secretários Municipais de Saúde e
da Educação e advertiu que, ao tratar da sexualidade, aquele material
cometia um grave erro antropológico: reduzia o ser humano à dimensão do
prazer. Criticou os desenhos ali contidos, que “beiram a pornografia”,
assim como a recomendação do uso do DIU e da pílula do dia seguinte,
“que são abortivos”[5].
Os secretários admiraram-se com o clamor da população de Anápolis e
asseguraram que as cadernetas não seriam mais distribuídas.
“Descobrindo a castidade”
Não
era suficiente, porém, criticar o material usado pelo governo para
corromper os adolescentes. Era necessário oferecer um outro material,
que ensinasse a virtude da castidade como chave para o entendimento da sexualidade humana. Mas onde encontrar esse material?
Não
faltavam – e ainda não faltam – pessoas que duvidam que os jovens de
hoje estejam dispostos a ouvir falar de castidade. O máximo que se
poderia fazer para a atual geração seria demonstrar que os preservativos
não protegem contra a AIDS. Qualquer discurso moral seria recebido com
zombaria.
Tive,
porém, a alegria de constatar que os jovens não estão tão endurecidos
como se pensa. Já fiz dezenas de palestras em escolas públicas sobre a
castidade e tive ótima recepção por parte dos alunos e professores. Os
jovens gostam de desafios. Alegram-se quando veem alguém que não os
trata como quadrúpedes. Entendem perfeitamente que não são como os
irracionais, escravos dos seus instintos, que na época do cio agridem
cegamente os indivíduos do outro sexo para se acasalarem. Compreendem
que o instinto de procriação, presente no homem, deve ser governado pela
razão. Daí a necessidade de guardar a virgindade antes do casamento, e
de guardar a fidelidade conjugal depois dele.
Inicialmente
eu não dispunha de nenhum outro material para oferecer a não ser um
singelo folheto sobre “O Namoro”, corrigido e aprovado por Dom Manoel
Pestana Filho em 1992. Dez anos mais tarde, em 2002, gravei em CD uma
palestra com o nome “Descobrindo a castidade”.
Faltava,
porém, um livro-texto, de fácil manuseio, que servisse de antídoto para
as abominações pregadas pelos “educadores sexuais”. Pedi a Deus que não
me deixasse morrer antes de publicar esse livro. O Senhor ouviu minha
oração. Em 13 de junho de 2013, Dom João Wilk concedeu o “imprimatur”
para o livrinho (a que também dei o nome “Descobrindo a castidade”)
ajuntando estas palavras: “Faço votos que a iniciativa seja um
instrumento valioso e prático para a formação humana e santificação dos
nossos jovens, especialmente neste ano em que estamos para acolher no
Brasil a Jornada Mundial da Juventude”.
Com
apenas104 páginas e formato de bolso (11,5 x 17 cm), o livro é escrito
em linguagem fácil, cheia de exemplos e histórias, de modo a tornar
agradável a leitura. Nele a castidade é apresentada como uma virtude de
beleza fascinante, que traz uma alegria imensamente superior ao prazer
trazido pela impureza. Tal virtude, que nos habilitará um dia ver a Deus
face a face[6], desde já nos permite ver as coisas “segundo Deus”, conforme diz o Catecismo:
A pureza de coração é condição prévia da visão.
Desde já nos concede ver segundo Deus,
receber o outro como um ‘próximo’;
permite-nos perceber o corpo humano, o nosso e do próximo,
como um templo do Espírito Santo,
uma manifestação da beleza divina[7].
Desde já nos concede ver segundo Deus,
receber o outro como um ‘próximo’;
permite-nos perceber o corpo humano, o nosso e do próximo,
como um templo do Espírito Santo,
uma manifestação da beleza divina[7].
Adquirir
e conservar tal virtude, que é como “um tesouro escondido no campo” (Mt
13,44), exige oração e vigilância. O livrinho explica, com riqueza de
exemplos, as cautelas que devem tomar os namorados, que se preparam para
o grande sacramento do Matrimônio. Acerca da prudência, cita uma frase
sapientíssima de Madre Maria Helena Cavalcanti, fundadora das Irmãzinhas
de Belém: “Na tentação não há fortes e nem fracos, há prudentes e
imprudentes”.
Ao
tratar do pudor, o livro fala da função das roupas, que cobrem o corpo
para nos deixar ver os valores da alma, e da gravidade de tornar nosso
corpo, pelo uso de roupas indecorosas, ocasião de queda (“escândalo”)
para o próximo.
Trata da abertura do matrimônio à procriação, do dom do filho, da bênção da família numerosa[8], do pecado da anticoncepção e da esterilização. Fala da continência periódica
ou regulação natural da procriação, lembrando que ela só é lícita se
houver (e enquanto houver) motivos sólidos para distanciar e evitar uma
nova concepção.
Por fim, fala do pecado do aborto, como o fundo do abismo em que caem aqueles que não souberam valorizar a virtude da castidade.
Graças
a Deus, já é possível perceber a alegria brilhando no rosto de jovens
que leram o livrinho. A primeira tiragem já se esgotou rapidamente e a
gráfica está para entregar os novos exemplares.
Com um peso tão leve (menos de 100 gramas) e um custo tão baixo, não convém adquirir apenas um exemplar[9].
Se você é professor, compre para seus alunos. Se você é catequista,
compre para seus catequizandos. Se você é pai ou mãe de família, compre
para seus filhos. Se você é estudante, compre para seus colegas de
escola.
Reproduzo a seguir as palavras que encerram o livro:
A cultura da castidade
A vida deve ser respeitada ainda antes da concepção. O respeito à vida deve começar pelo respeito à sexualidade, que é a fonte e a raiz da vida. A cultura da vida coincide com a cultura da castidade. O aborto é o fundo de um abismo que se inicia com o desregramento sexual.
Se
você quer ser pró-vida, seja um defensor ardente da castidade. Essa
virtude deve brilhar em toda a sua vida: na roupa que você veste, nas
coisas que você olha ou deixa de olhar, na maneira prudente de namorar,
na fidelidade conjugal e na abertura aos filhos.
Espero
que, com a leitura deste livro, você tenha descoberto a beleza
fascinante da castidade. Se você descobriu, anuncie sua descoberta aos
outros, que ainda não a conhecem.
Desejo que um dia nós, por termos guardado a pureza de coração, nos encontremos no céu, vendo a Deus face a face.
[1] JOÃO PAULO II, Carta às famílias, 2 fev. 1994, n. 13.
[2] JOÃO PAULO II, Familiaris consortio, 22 nov. 1981, n. 37.
[3] JOÃO PAULO II, Familiaris consortio, n. 37.
[4] Art. 3º, II, Estatuto do Pró-Vida de Anápolis.
[5]
A reunião contou com a presença de várias pessoas, incluindo
sacerdotes, pais de família, representantes do Conselho de Pastores, dos
Conselhos Tutelares, do Juizado da Infância e da Juventude e da Escola
de Pais do Brasil Seccional Anápolis.
[6] “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).
[7] Catecismo da Igreja Católica, n. 2519.
[8] Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2373.
[9] O livro pode ser adquirido pela Internet em www.providaanapolis.org.br.Fonte:pró-vida de Anápolis
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