Diga-me a quem você acha que a seguinte frase se refere e eu direi se você vive num país muçulmano ou num país de origens cristãs.
“Trema de medo: uma sociedade amante da violência, cujos líderes professam todos a mesma religião, está convencida de que todo o mundo deve acreditar nas mesmas coisas e se comportar do mesmo jeito que eles, o que inclui tolerar o assassinato de crianças em prol do cumprimento dos seus objetivos”.
Se você disse: "Essas palavras, evidentemente, se referem ao Estado Islâmico e às suas ideias de estabelecer um sistema cruel de sharia no mundo todo", você vive num país ocidental dirigido por uma cultura de origens cristãs. Talvez os Estados Unidos, ou a Alemanha, ou o Brasil.
Se você disse: "Essas palavras, evidentemente, se referem ao mundo ocidental, cuja mídia espalha violência e imoralidade e cujo dinheiro espalha o aborto pelo mundo todo", você vive num país muçulmano. Talvez o Paquistão, ou a Indonésia, ou Serra Leoa.
Em qualquer dos dois casos, você está certo e errado ao mesmo tempo. Neste momento de crise, é importante avaliarmos as críticas que cada lado faz ao outro.
Consideremos, em primeiro lugar, o Estado Islâmico (EI). Durante um discurso da última quarta-feira, o presidente norte-americano Barack Obama disse que o "EI não é 'islâmico'". Este é, provavelmente, um exagero, mas a natureza não-religiosa do terrorismo jihadista se tornou bem clara desde que ficamos sabendo como os sequestradores de aviões do Onze de Setembro passaram os seus últimos dias na terra.
Mehdi Hasan destacou no New Statesman há algumas semanas: "Em 2008, uma nota informativa sobre a radicalização, elaborada pela unidade de ciência comportamental do MI5, acabou vazando e foi publicada pelo jornal The Guardian. A nota revelava que, ‘longe de ser fanáticos religiosos, um grande número de pessoas envolvidas no terrorismo não praticam a fé de modo regular. Muitos deles não têm formação religiosa alguma. Poderiam ser considerados, na realidade, como novatos religiosos’. Os analistas concluíram que ‘uma identidade religiosa bem estabelecida realmente protege contra a radicalização violenta’, publicou o jornal".
Então, se não é a fé o que motivar os jihadistas, o que é?
Hasan listou: "A indignação moral, a insatisfação, a pressão dos companheiros, a busca de uma nova identidade, de um sentido de pertença e de propósito". Estes são, estranhamente, os mesmos motivos atribuídos muitas vezes aos assassinos do colégio Columbine, Dylan Klebold e Eric Harris (que, também estranhamente, imaginaram um ataque ao estilo Onze de Setembro).
Mas o EI está claramente entusiasmado com o islã, não está?
Andrew Salzmann, no Small Wars Journal, descreve que certas narrativas históricas se agigantam na mente dos membros do EI e se tornam um quadro de referência para eles, não porque a sua humildade seja grande diante de Alá Todo-Poderoso, mas porque o imaginário islâmico alimenta os seus próprios egos poderosos. Por isso, "o EI precisa sofrer uma derrota humilhante", escreve Salzmann.
Em paralelo, esses muçulmanos laicos, com o seu imaginário histórico, são confrontados por cristãos laicos, com o seu imaginário niilista.
São João Paulo II foi profético em seu discurso na Jornada Mundial da Paz de 2001 ao dizer que o imperialismo cultural ocidental punha o mundo em risco de guerra. O "ateísmo prático" e o "individualismo radical" do Ocidente avassalavam culturas do mundo todo, disse ele.
“Este é um fenômeno de grandes proporções, sustentado por campanhas poderosas de mídia... Uma visão de mundo abrangente, que corrói por dentro outras culturas e civilizações estimáveis. Os modelos culturais ocidentais são atraentes e sedutores devido à sua elevada conotação científica e técnica, mas, lamentavelmente, há uma crescente evidência do seu profundo empobrecimento humano, espiritual e moral” (nº 9).
“Trema de medo: uma sociedade amante da violência, cujos líderes professam todos a mesma religião, está convencida de que todo o mundo deve acreditar nas mesmas coisas e se comportar do mesmo jeito que eles, o que inclui tolerar o assassinato de crianças em prol do cumprimento dos seus objetivos”.
Se você disse: "Essas palavras, evidentemente, se referem ao Estado Islâmico e às suas ideias de estabelecer um sistema cruel de sharia no mundo todo", você vive num país ocidental dirigido por uma cultura de origens cristãs. Talvez os Estados Unidos, ou a Alemanha, ou o Brasil.
Se você disse: "Essas palavras, evidentemente, se referem ao mundo ocidental, cuja mídia espalha violência e imoralidade e cujo dinheiro espalha o aborto pelo mundo todo", você vive num país muçulmano. Talvez o Paquistão, ou a Indonésia, ou Serra Leoa.
Em qualquer dos dois casos, você está certo e errado ao mesmo tempo. Neste momento de crise, é importante avaliarmos as críticas que cada lado faz ao outro.
Consideremos, em primeiro lugar, o Estado Islâmico (EI). Durante um discurso da última quarta-feira, o presidente norte-americano Barack Obama disse que o "EI não é 'islâmico'". Este é, provavelmente, um exagero, mas a natureza não-religiosa do terrorismo jihadista se tornou bem clara desde que ficamos sabendo como os sequestradores de aviões do Onze de Setembro passaram os seus últimos dias na terra.
Mehdi Hasan destacou no New Statesman há algumas semanas: "Em 2008, uma nota informativa sobre a radicalização, elaborada pela unidade de ciência comportamental do MI5, acabou vazando e foi publicada pelo jornal The Guardian. A nota revelava que, ‘longe de ser fanáticos religiosos, um grande número de pessoas envolvidas no terrorismo não praticam a fé de modo regular. Muitos deles não têm formação religiosa alguma. Poderiam ser considerados, na realidade, como novatos religiosos’. Os analistas concluíram que ‘uma identidade religiosa bem estabelecida realmente protege contra a radicalização violenta’, publicou o jornal".
Então, se não é a fé o que motivar os jihadistas, o que é?
Hasan listou: "A indignação moral, a insatisfação, a pressão dos companheiros, a busca de uma nova identidade, de um sentido de pertença e de propósito". Estes são, estranhamente, os mesmos motivos atribuídos muitas vezes aos assassinos do colégio Columbine, Dylan Klebold e Eric Harris (que, também estranhamente, imaginaram um ataque ao estilo Onze de Setembro).
Mas o EI está claramente entusiasmado com o islã, não está?
Andrew Salzmann, no Small Wars Journal, descreve que certas narrativas históricas se agigantam na mente dos membros do EI e se tornam um quadro de referência para eles, não porque a sua humildade seja grande diante de Alá Todo-Poderoso, mas porque o imaginário islâmico alimenta os seus próprios egos poderosos. Por isso, "o EI precisa sofrer uma derrota humilhante", escreve Salzmann.
Em paralelo, esses muçulmanos laicos, com o seu imaginário histórico, são confrontados por cristãos laicos, com o seu imaginário niilista.
São João Paulo II foi profético em seu discurso na Jornada Mundial da Paz de 2001 ao dizer que o imperialismo cultural ocidental punha o mundo em risco de guerra. O "ateísmo prático" e o "individualismo radical" do Ocidente avassalavam culturas do mundo todo, disse ele.
“Este é um fenômeno de grandes proporções, sustentado por campanhas poderosas de mídia... Uma visão de mundo abrangente, que corrói por dentro outras culturas e civilizações estimáveis. Os modelos culturais ocidentais são atraentes e sedutores devido à sua elevada conotação científica e técnica, mas, lamentavelmente, há uma crescente evidência do seu profundo empobrecimento humano, espiritual e moral” (nº 9).
“Estamos exportando uma cultura da morte”, declarou o papa, englobando desde o aborto e o apoio intenso à contracepção até os filmes violentos, o vício em jogos e a pornografia.
A batalha em que estamos envolvidos, então, é entre megalomaníacos do contexto muçulmano e megalomaníacos do contexto ex-cristão? Deveríamos deixar de “torcer” por qualquer um dos dois lados? Sem dúvida, não.
Nós devemos “torcer” pelo Ocidente por três razões:
1. Por causa das nossas raízes. O Ocidente está enraizado em valores judaico-cristãos que são vitais e reais. Os nossos países toleraram a escravidão durante muitos anos, mas o direito à liberdade acabou tornando aquela hipocrisia insuportável. A cultura da morte tem sofrido metástase nos últimos 100 anos, mas o direito à vida consta em nossas constituições e nós o reafirmamos constantemente, votação após votação.
2. Por causa dos nossos objetivos. Na batalha contra o EI, o nosso objetivo é defender e proteger a comunidade das nações; o objetivo deles, por mais que eles queiram imaginar o contrário, não é o mesmo.
3. Por causa das nossas virtudes. O papel do Ocidente no mundo não pode ser reduzido simplesmente aos seus pecados. O Ocidente também tem feito um grande bem à humanidade, com o seu progresso na medicina, com a sua produção de alimentos e de bens de consumo que melhoram a qualidade de vida de bilhões de pessoas em todo o planeta e com a sua liberdade econômica, que forneceu os recursos e as oportunidades para a saída de milhões de pessoas da pobreza.
Não há "equivalência moral" nenhuma entre o Estado Islâmico e o Ocidente. Mas não se engane: o mero laicismo simplesmente não tem os recursos necessários para combater os excessos nem do Oriente Médio nem do Ocidente de origens cristãs.
O laicismo ocidental nunca vai convencer as nações muçulmanasde que Deus não existe, porque Deus existe. O laicismo ocidental nunca vai convencê-los de que eles não sabem qual é a vontade de Deus, porque o laicismo ocidental nem sequer conhece a Deus.
Se não serve para os muçulmanos, o laicismo ocidental, por si mesmo, tampouco serve para o próprio Ocidente. Se a verdade é relativa, conforme o laicismo afirma de modo contraditoriamente absolutista, então quem tiver mais força deverá vencer. E, se for assim, os vencedores não serão, necessariamente, os mocinhos do filme.
É por isso que, à beira de mais uma guerra baseada nos mesmos motivos de sempre, a Nova Evangelização se mostra mais urgente do que nunca. Ou tão urgente quanto sempre.Fonte:Aleteia
A batalha em que estamos envolvidos, então, é entre megalomaníacos do contexto muçulmano e megalomaníacos do contexto ex-cristão? Deveríamos deixar de “torcer” por qualquer um dos dois lados? Sem dúvida, não.
Nós devemos “torcer” pelo Ocidente por três razões:
1. Por causa das nossas raízes. O Ocidente está enraizado em valores judaico-cristãos que são vitais e reais. Os nossos países toleraram a escravidão durante muitos anos, mas o direito à liberdade acabou tornando aquela hipocrisia insuportável. A cultura da morte tem sofrido metástase nos últimos 100 anos, mas o direito à vida consta em nossas constituições e nós o reafirmamos constantemente, votação após votação.
2. Por causa dos nossos objetivos. Na batalha contra o EI, o nosso objetivo é defender e proteger a comunidade das nações; o objetivo deles, por mais que eles queiram imaginar o contrário, não é o mesmo.
3. Por causa das nossas virtudes. O papel do Ocidente no mundo não pode ser reduzido simplesmente aos seus pecados. O Ocidente também tem feito um grande bem à humanidade, com o seu progresso na medicina, com a sua produção de alimentos e de bens de consumo que melhoram a qualidade de vida de bilhões de pessoas em todo o planeta e com a sua liberdade econômica, que forneceu os recursos e as oportunidades para a saída de milhões de pessoas da pobreza.
Não há "equivalência moral" nenhuma entre o Estado Islâmico e o Ocidente. Mas não se engane: o mero laicismo simplesmente não tem os recursos necessários para combater os excessos nem do Oriente Médio nem do Ocidente de origens cristãs.
O laicismo ocidental nunca vai convencer as nações muçulmanasde que Deus não existe, porque Deus existe. O laicismo ocidental nunca vai convencê-los de que eles não sabem qual é a vontade de Deus, porque o laicismo ocidental nem sequer conhece a Deus.
Se não serve para os muçulmanos, o laicismo ocidental, por si mesmo, tampouco serve para o próprio Ocidente. Se a verdade é relativa, conforme o laicismo afirma de modo contraditoriamente absolutista, então quem tiver mais força deverá vencer. E, se for assim, os vencedores não serão, necessariamente, os mocinhos do filme.
É por isso que, à beira de mais uma guerra baseada nos mesmos motivos de sempre, a Nova Evangelização se mostra mais urgente do que nunca. Ou tão urgente quanto sempre.Fonte:Aleteia
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